Trabalho Escravo BRASIL.

TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL:
UM OLHAR SOBRE A AMAZÔNIA Maria Zuíla Lima Dutra1
Resumo: As formas de escravidão existentes no Brasil persistem; sua prática é silenciosa e sutil.
Têm raízes históricas que há muito deveriam ter sido extirpadas num país civilizado. Hoje, o trabalhador aliciado não sabe onde se encontra, nem quem é o seu patrão. Acomoda-se em ambientes impróprios mesmo para animais. Paga todo o material utilizado para o trabalho, tais como botina, boné e foice. Tudo integra o caderno de dívida, cuja soma não pára de crescer. A cada mês que passa, o trabalhador deve mais ao patrão. A esperança é a crescente reação a essa tão dura herança histórica, seja pela sociedade civil organizada, seja pelos aparatos de Estado, sobretudo o Judiciário, que obtêm crescentes vitórias, em especial na Amazônia, palco histórico de variadas formas de servidão.
1. Introdução
“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou.
Permanecei, pois, firmes e não vos submetais de novo ao jugo da escravidão”. (Da Epístola de São
Paulo aos Gálatas, 5-1).
As recorrentes formas de desigualdade existentes no Brasil têm fundas raízes históricas. Seus efeitos são notórios nas relações sociais, econômicas e também jurídicas, favorecendo a manutenção e o crescimento do trabalho servil. Entendemos que um debate amplo e aberto sobre essa realidade é necessária e urgente, pois a manutenção da situação atual continuará beneficiando os aliciadores, que prosseguirão impunes em seus desmandos contra a cidadania e a dignidade dos trabalhadores.
A invisibilidade socialmente estabelecida sobre as maiorias desfavorecidas, especialmente em regiões como a Amazônia, pode ser esquadrinhada à exaustão desde textos do período colonial até escritos e documentos outros produzidos na atualidade. A essencialidade da desigualdade implantada com a ocupação colonial da Amazônia no século XVII persiste, embora com freqüência desfocada pelos nichos de modernidade da vida