Trabalho Desi

Introdução A I Bienal Internacional de Arte de São Paulo, então chamada de Bienal do Museu de Arte Moderna, foi consequência direta da explosão do modernismo no Brasil, iniciado com a Semana de Arte Moderna de 1922. O processo artístico e cultural desencadeado pela erupção da Semana na cidade de São Paulo foi caracterizado pela valorização da cultura nacional expressa através de uma estética modernista, “antropofagicamente” apropriada pelos brasileiros a partir da arte moderna europeia para colocá-la à serviço de sua intencionalidade. A proposta dos modernistas brasileiros foi amplamente difundida e discutida pelos próprios artistas do período, como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Vicente do Rego Monteiro e pela mídia. A discussão ecoou entre as gerações seguintes de artistas e críticos de arte, entre os quais destaca-se a figura de Lourival Gomes Machado. O teórico do Grupo Clima consolidou-se ainda jovem como um dos maiores críticos de arte do Brasil e por essa razão foi escolhido, com apenas 32 anos, para ser o primeiro diretor do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), recém-inaugurado naquele ano de 1949. Lourival de tal forma acreditava no Modernismo brasileiro que ambicionou a criação de uma exposição de caráter internacional que atraísse para São Paulo – o polo do movimento no país – os olhares de artistas, críticos e apreciadores de arte de todo o mundo. Promoveria, assim, não apenas a inserção do país no cenário artístico internacional como também o posicionamento do país perante o mundo como gerador de arte autêntica, expressiva e valiosa.

Bastou que as representações nacionais se guiassem pela fundamental fidelidade ao conceito moderno de arte para que todas passassem a manifestar-se numa mesma língua comum. Da impressionante linguagem interjectiva e minuciosa dos “primitivos” ao racionalismo refinados dos não-objetivos que, assim, não deixam também de sublinhar a certeza inteiro, os artistas desse modo difícil, longe