Trabalho De Urgencia E Emergencia
As dificuldades na abordagem do abdome agudo começam com a sua conceituação, que varia de autor para autor e de serviço para serviço. Assim, o conceito de abdome agudo vai desde “toda situação abdominal alarmante” (Annes Dias) até “os casos intra-peritoneais, de natureza cirúrgica, de evolução para a morte, apenas evitada pelo êxito da intervenção” (Vieira Romero). Temos adotado, desde muitos anos, o conceito de Z. Cope, que considera abdome agudo “toda dor abdominal que acomete um paciente que estava bem anteriormente e que dura mais de seis horas”, enfatizando, portanto, a necessidade urgente de pronto diagnóstico e de tratamento ativo. Vale ressaltar, no entanto, que essa ainda não é a definição ideal, pois exclui quadros que, claramente, constituem abdome agudo. É necessário tornar claro, ainda, que não consideramos como fazendo parte dessa entidade os traumatismos abdominais por apresentarem aspectos etiopatogênicos, fisiopatológicos e clínicos diversos do abdome agudo.
2 - Quais são os mecanismos da dor abdominal?
Em uma anamnese cuidadosa, o elemento mais importante é, sem dúvida, a caracterização da dor abdominal, que está quase sempre presente, a não ser em raros casos de pacientes muito idosos ou psicóticos. Em relação ao seu mecanismo, existem três tipos de dor abdominal:
Dor visceral
Tem origem nas vísceras e é transmitida pelas fibras C (viscerais aferentes) que acompanham os troncos simpáticos. Tem distribuição difusa e imprecisa, é acompanhada, freqüentemente, de fenômenos autonômicos, como náuseas, vômitos, diarréia, constipação, sudorese e palidez. Leva o doente a uma atitude de inquietude, procurando uma posição que diminua a dor.
Dor referida (víscero-cutânea)
É a dor sentida em locais distantes da sede real do fenômeno doloroso, sendo transmitida pelas fibras A (cérebro-espinhais) e C (viscerais aferentes). É geralmente bem localizada e percebida sobre a pele ou estruturas parietais. Costuma acompanhar as