Trabalho de literatura
Curso/ano: 2º Letras
Disciplina: Literatura Portuguesa
Professor: Maria das Graças de Oliveira Castro
Nome:Janaine de Souza da Silva
Saudades
Serei eu alguma hora tão ditoso,
Que os cabelos, que amor laços fazia,
Por prémio de o esperar, veja algum dia
Soltos ao brando vento buliçoso?
Verei os olhos, donde o sol formoso
As portas da manhã mais cedo abria,
Mas, em chegando a vê-los, se partia
Ou cego, ou lisonjeiro, ou temeroso?
Verei a limpa testa, a quem a Aurora
Graça sempre pediu? E os brancos dentes, por quem trocara as pérolas que chora?
Mas que espero de ver dias contentes,
Se para se pagar de gosto uma hora,
Não bastam mil idades diferentes?
D. Francisco Manuel de Melo
In Poemas de Amor
Antologia de poesia portuguesa
Org. de Inês Pedrosa
Lisboa, Dom Quixote, 2001
Quanto à forma:
Contém quatorze versos
Dez silabas poéticas (decassílabos)
O poema contém dois quartetos e dois tercetos, tatá-se, portanto de um soneto.
Nos dois quartetos as rimas estão interpoladas: ABBA e ABBA
Nos dois últimos tercetos estão também interpoladas: CDC e CDC
Existe nos dois quartetos iniciais a repetição da vogal “o”
Existe no primeiro terceto a repetição da vogal “a”
Existe no ultimo quarteto a repetição da vogal ”e”
Quanto ao conteúdo:
Tema: saudade
Assunto: o eu-lirico se encontra ansioso, desejoso e esperançoso por algo (no caso o amor) que já viveu, e que está disposto a pagar tudo se for preciso para retornar a vivê-lo, pois nem mil idades diferentes é o bastante para se pagar o gosto de uma hora (com o amor), como está expresso nesses versos: ”se para se pagar o gosto de uma hora, não bastam mil idades diferentes?” O eu-lirico personifica o sol. Lembra a admiração que, até mesmo o sol tinha, pelo seu “amor”
Existe a predominância do Cultismo. Características barrocas:
A dualidade barroca: tristeza x felicidade, o amor e a ausência. Assonância: repetição de vogais.
A prosopopéia (o