Trabalho de História
R.: Pode-se atribuir dois sentidos à noção de crítica: um sentido que se poderia chamar de kantiano, conforme a linguagem do filósofo de Konigsberg, que se refere ao exame avaliativo de categorias e formas de conhecimento para determinar sua validade e valor cognitivos;/ e um sentido marxiano, que aponta as armas da razão para a realidade sócio histórica e se ajusta à tarefa de trazer à luz as formas ocultas de dominação e de exploração que lhe dão forma a fim de revelar, por comparação, as alternativas que distorcem e excluem. Parece que o pensamento crítico mais proveitoso é o que se situa na confluência dessas duas tradições e assim promover o casamento da crítica epistemológica com a social, questionando de maneira contínua, ativa e radical as formas estabelecidas de pensamento e a de vida coletiva. Em suma, pensamento crítico é o que nos dá os meios de pensar sobre o mundo tal como ele é e como poderia ser. A influência hoje diante dos problemas atuais seria ao mesmo tempo, extremamente forte e fraco. Forte no sentido, de que nunca foram tão grandes as nossas capacidades teóricas e empíricas de entender o mundo social, o que se comprova pela extraordinária acumulação de conhecimentos técnicas de observação nos mais variados campos, da geografia à história, passando pela antropologia e pelas ciências cognitivas, para não mencionar o florescimento das chamadas humanidades, como filosofia, letras, direito etc. Em todos esses campos observa-se que a disposição ao questionamento crítico está presente e é fértil em toda parte. E fraco, porque ele sempre se permite ser fechado e sufocado pelo microcosmo acadêmico, e também o fato de hoje ele se encontrar ao pé de uma verdadeira Grande Muralha simbólica, formada pelo discurso neoliberal e seus muitos subprodutos que invadiram todas as esferas da vida cultural e social, sendo, além de tudo,