TRABALHO DE ETICA
1 A ditadura do PC
Os americanos absolvem Clinton nas pesquisas mas deixam-se asfixiar pelos códigos do politicamente correto
Eurípedes Alcântara
O quadro de Goya, pintado há 198 anos: problemas com a polícia do sexo americana
Foto: Divulgação/Galeria Uffizi Tudo bem que nas pesquisas de opinião uma grande parte dos americanos diga que Bill x Monica é um problema exclusivo do casal Clinton. As pesquisas desse tipo são muito exatas para captar o que as pessoas dizem e relativamente precisas para apontar o que elas pensam. São clamorosamente falhas quando se trata de medir o que elas fazem. Se essa atitude relaxada do público americano, que absolve um presidente adúltero e molestador sexual, fosse genuína, os Estados Unidos seriam um país diferente do que realmente são. Na prática, no cotidiano das repartições públicas e das universidades, nas empresas, nos lares e nos tribunais de Justiça, os pequenos Bill Clinton americanos estão sendo discriminados, ferozmente caçados, processados, multados e presos. Os delitos? Alguns são sérios. Em sua maioria, são infrações mais brandas e difusas do que as confessadas pelo presidente em rede nacional de televisão na segunda-feira passada. Pelo que sugerem as pesquisas, o reino do politicamente correto, com sua polícia do pensamento e tolerância comportamental zero, chegou ao fim nos Estados Unidos. A verdade: está mais forte do que nunca.
A cada dia sessenta novos casos de abordagem indesejada de natureza sexual são registrados nos tribunais do país. Sete em cada dez diretores de departamento de pessoal dão conta de ter recebido pelo menos uma acusação formal de ataque sexual contra algum funcionário da empresa nos últimos doze meses. Oito em dez universidades americanas estão investigando problemas semelhantes. As 500 maiores companhias americanas separaram no ano passado, em conjunto, 30 bilhões de dólares para gastar com ações desse tipo envolvendo seus empregados.