Trabalho de economia brasileira
BRASIL
Rui Mauro Marini
Sumário
I
Política e luta de classes
A primeira ranhura na coalizão dominante
Latifúndio contra a indústria
A cisão horizontal
O bonapartismo de Quadros
Goulart e a colaboração de classes
A radicalização política
A intervenção militar
II – Ideologia e práxis do subimperialismo
A integração imperialista
As alternativas do desenvolvimento capitalista brasileiro
A política de interdependência
O complexo industrial-militar
Subimperialismo e a revolução latinoamericana
O caráter da revolução brasileira
O compromisso político de 1937
A ruptura da complementaridade
A investida imperialista
Imperialismo e burguesia nacional
O subimperialismo
Revolução e luta de classes
I
O golpe militar que depôs o presidente constitucional do Brasil, João Goulart, em abril de 1964, foi apresentado pelos militares brasileiros como uma revolução e definido, um ano depois, por um de seus porta-vozes, como uma “contrarrevolução preventiva”. Por suas repercussões internacionais, sobretudo na América Latina, e ante as concessões econômicas que trouxe aos capitais norteamericanos, muitos o consideram simplesmente como uma intervenção disfarçada dos Estados
Unidos. Esta opinião é compartilhada por certos setores da esquerda brasileira que, sem dúvida, nunca souberam explicar porque, no exato momento que pareciam chegar ao poder, este lhes foi arrebatado “repentinamente“, sem que disparassem ao menos um só tiro.
Parece-nos que nenhuma explicação de um fenômeno político é boa, se o reduz a um só de seus elementos, e que é decididamente má, se toma por chave justamente um fator que o condiciona de fora. Num mundo caracterizado pela interdependência, e mais que isso pela integração, nada pode negar a influência dos fatores internacionais sobre as questões internas, principalmente quando se está em presença de uma economia das chamadas centrais, dominantes ou metropolitanas, e de um
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