tRABALHO DE ALUNO
DE SAÚDE1
Christophe Dejours
Parece-nos bastante ambicioso querer colocar face a face pesquisadores científicos e trabalhadores; é como uma aposta. Sensibiliza-nos a pergunta feita por Jean Hodeboug2:
“quem é especialista em matéria de saúde, de condições de trabalho, de organização do trabalho?”.
Pessoalmente, sempre defendemos o ponto de vista segundo o qual a contribuição dos cientistas, embora necessária, é relativamente limitada. Primeiro, deve ela ser inspirada pelos próprios trabalhadores; segundo, diríamos que a direção a ser dada a essa contribuição deve também ser controlada pelos trabalhadores. Inclui-se aí tudo o que concerne ao trabalho, às condições do trabalho e à organização do trabalho.
Indo mais longe ainda, diríamos que esse estado de bem estar é qualquer coisa sobre a qual temos uma idéia. Em última instância, poderíamos considerar como sendo um estado ideal, que não é concretamente atingido, podendo ser simplesmente uma ficção, o seja, uma ilusão, alguma coisa que não se sabe muito bem no que consiste, mas sobre a qual se tem esperanças.
Tenderíamos a dizer que a saúde é antes de tudo um fim, um objetivo a ser atingido. Não se trata de um estado de bem-estar, mas de um estado do qual procuramos nos aproximar; não é o que parece indicar a definição internacional, como se o estado de bem-estar social, psíquico fosse um estado estável, que, uma vez atingido, pudesse ser mantido. Cremos que isso é uma ilusão e que simplesmente é preciso, e já é muito, fixar-se o objetivo de se chegar a esse estado. Vejamos como, e o que isso quer dizer.
Como vamos falar sobre o que é saúde, veremos que o ponto de vista acima também se impõe quando se trata de definir saúde. Por quê?
Até agora, tratamos apenas de criticar essa noção de saúde, tal qual ela é definida pelas organizações internacionais. O que perguntamos agora é se, no período recente, puderam ser acumuladas experiências ou novos