Trabalho - conflitos étnicos e religiosos
A presença de vários grupos étnicos e religiosos num determinado país pode desencadear conflitos internos, principalmente quando um desses grupos aspira à conquista de sua autodeterminação política. Enquadraram-se nesse caso os conflitos da Irlanda do Norte (Reino Unido), do País Basco (Espanha), da Bósnia-Herzegovina e de Caxemira (Índia), além de outros.
A questão da Irlanda do Norte
A ilha da Irlanda, sob domínio britânico desde o século XVI, foi integrada ao Reino Unido no começo do século XIX. As lutas pela independência da ilha intensificaram-se no começo do século XX, culminando com a constituição do Estado Livre da Irlanda, em 1922. Esse Estado, que acabou dando origem à República da Irlanda, era composto pelos condados (unidades administrativas) situados na porção meridional da ilha, nos quais a grande maioria da população era — e é até hoje — católica romana.
A porção setentrional da ilha, o Uister, composta pelos condados de maioria protestante, permaneceu vinculada ao Reino Unido. Tal situação é um grave e constante foco de descontentamento para os adeptos da reunificação da Irlanda — em especial a minoria católica, que se sente discriminada política e economicamente pelos protestantes. As ideias de reunificação, porém, nunca foram vistas com bons olhos pela maioria protestante, que prefere a união entre a Irlanda do Norte e o Reino Unido.
A divergência de posições entre a maioria protestante e a minoria católica acabou determinando a eclosão de uma série de conflitos na Irlanda do Norte, que se agravaram no final dos anos 60, quando o país foi assolado por graves distúrbios. Um dos principais motivos desses distúrbios foram as reivindicações da minoria católica por maiores direitos civis, reprimidas com violência pela maioria protestante, com o apoio do governo inglês. Nos anos 70 e 80, a Irlanda do Norte foi um dos maiores palcos de violência armada de toda a Europa: de um lado, o IRA — Exército Republicano Irlandês