Trabalho como categoria

Avaliação de Fundamentos III
1- Recorrendo a Iamamoto, "porque o privilégio do trabalho sob o anuncio da crise da sociedade do trabalho, com a crescente redução da capacidade de absorção no mercado de trabalho e a ampliação do desemprego"?

R: Porque a centralidade do trabalho vem sendo discutida num momento em que não se têm emprego. Ou seja, de acordo com Offe (citado por Iamamoto), não se trabalha o “trabalho” como centro, porque o trabalho remunerado formal perdeu sua qualidade de centro organizador das atividades humanas, da auto-estima e das referências sociais, assim como das orientações morais, versus a crescente heterogeneidade do trabalho assalariado, expressa também no mercado de trabalho e nas entidades dos trabalhadores, que colocaria em xeque “qualquer relevância do trabalho remunerado dependente, enquanto tal, na percepção dos interesses sociais, na autoconsciência e no comportamento institucional e político dos trabalhadores”. Esta tendência pode ser justificada pela retração da demanda do trabalho industrial e agrícola e crescimento relativo da capacidade de absorção do setor de serviços. Ressaltando a questão da heterogeneidade, constata-se a convivência de formas de trabalho assalariado com o trabalho autônomo, doméstico, clandestino e as múltiplas expressões de precarização dos vínculos e relações de trabalho, com amplo comprometimento das conquistas e direitos trabalhistas, assim como das tradicionais estratégias de organização e luta sindical. Com isso cresce o problema central do mundo contemporâneo, sob o domínio do capital financeiro em relação ao capital produtivo: o desemprego- aliado à retração do Estado em suas responsabilidades públicas no âmbito dos serviços e direitos sociais- crescimento da pobreza e da miséria- comprometimento com os direitos sociais e humanos, inclusive o direito à própria vida. Desta forma apresenta-se o seguinte dilema: atualiza-se a condição de trabalhador livre sem que se atualizem as possibilidades de