Trabalho, alienação e consumo
Ao longo do tempo, vários historiadores e linguistas percebem que a apropriação e a disseminação de certas palavras promovem um indeterminado processo de reinterpretação do conceito que um dia esteve por detrás delas. Hoje em dia, por exemplo, vemos que muitas pessoas costumam evocar o termo “alienado” quando tentam dizer que alguém não consegue ter a capacidade intelectual de compreender uma determinada ideia.
Com isso, ao estudarmos o desenvolvimento da revolução industrial, acabamos tendo a errônea impressão de que o conceito de “alienação da classe trabalhadora” é o mesmo que falar sobre a “burrice do operariado”. No entanto, esse conceito trabalhado nas obras de Karl Marx possui uma sensível diferença de sua utilização atual. Ao falar sobre alienação, o pensamento marxista faz referência a toda situação em que uma potencialidade humana é tomada por outra entidade.
Dessa forma, ao tematizar a alienação do trabalhador com o advento da Revolução Industrial, Marx queria estabelecer um quadro onde demonstrava a perda de uma determinada habilidade por parte da classe trabalhadora. Com isso surge a pergunta: “que habilidade é essa que os operários perderam a partir do momento em que as indústrias apareceram no mundo?”
Para responder essa pergunta, devemos primeiramente nos voltar para o surgimento dos artesãos na Idade Média. Nesse período, o artesão tinha acesso às técnicas e matérias-primas necessárias para a fabricação de um produto manufaturado. Além disso, dominava todo o conhecimento técnico requerido para a criação do mesmo. Dessa maneira, sabia os custos e todo o tempo que seria gasto para a fabricação de um determinado produto.
Contudo, com a expansão da economia mercantil, esse artesão iria gradativamente perdendo a noção desse valor no momento em que passaria ser necessária uma grande quantia de dinheiro para aquisição de uma máquina ou de uma determinada matéria-prima. Nesse novo quadro, o artesão deixa de