Trabalho acadêmico sobre funk
29 de maio a 1 de junho de 2007, UFPE, Recife (PE)
GT04 – Consumo, Sociedade e Ação Coletiva
Apontamentos Sobre O Consumo De Funk Carioca Pelas Elites Urbanas
Arthur Coelho Bezerra IUPERJ
arthur78@oi.com.br
Introdução
Uma das grandes preocupações da sociologia contemporânea é a questão da integração social no espaço urbano. Os diferentes grupos de agentes que nele atuam possuem certas matrizes culturais que organizam suas identidades e estilos de vida, contrapostas aos estilos de vida de outros grupos que transitam neste mesmo espaço. Tais matrizes culturais são produzidas a partir das condições materiais pertinentes a cada grupo social, observando-se a influência direta do poderio econômico nas escolhas relativas à construção de identidade por parte dos indivíduos. As profundas desigualdades econômicas que existem em grandes metrópoles – como o Rio de Janeiro – influem diretamente no aumento das distâncias sociais. Neste panorama, nota-se que os agentes dos estratos médios e altos tendem a adotar práticas culturais de diferenciação e distanciamento em relação aos indivíduos provenientes dos segmentos mais pobres. Se admitirmos a prática do consumo cultural como organizadora simbólica das diferenças sociais, poderá parecer estranho perceber que alguns grupos de jovens pertencentes às elites vêm desenvolvendo um interesse por um tipo de música essencialmente produzido e difundido nas favelas e comunidades de baixa renda cariocas. Este fenômeno, entretanto, é fácil de ser observado na aceitação cada vez maior do funk carioca entre determinados grupos de jovens de classe média e alta da cidade do Rio de Janeiro. Neste sentido, o presente texto pretende fazer apontamentos sobre o consumo de funk carioca pelas elites da cidade e as relações que estes grupos desenvolvem com os estratos mais pobres, onde se produz este tipo de música. A partir do pensamento produzido por sociólogos como Bourdieu, Simmel, Elias e