trabalhismo
ESTADO, CLASSE TRABALHADORA E POLÍTICAS SOCIAIS
XXII Simpósio Nacional de História - 27 DE JULHO A 01 DE
AGOSTO DE 2003 - PB
MARIA CELINA D'ARAUJO *
As relações do Estado brasileiro com o movimento operário e sindical bem como as políticas públicas voltadas para as questões sociais durante o primeiro governo Vargas (19301945) são temas amplamente estudados pela academia brasileira em seus vários aspectos. São também os mais lembrados pela sociedade quando se pensa no legado varguista. Foi nesse período que se veiculou ostensivamente a existência de políticas sociais voltadas especificamente para a população trabalhadora urbano-industrial embora não tivesse brotado ali a iniciativa estatal na regulação do mercado de trabalho ou na previdência social. Mas certamente, nascia nesse período, uma nova forma de regulação das relações capital-trabalho cuja legitimidade foi garantida para além do tempo histórico conhecido como Era Vargas.
Graças à historiografia estadonovista, à propaganda política mas também ao seu carisma pessoal, Vargas passou para a história com uma imagem positiva no que toca à temática aqui abordada: “patrono” da legislação social, “pai dos pobres”, benfeitor, estadista que outorgou os direitos ao trabalhador brasileiro. Os estudos têm mostrado as limitações dessas imagens mas também têm apontado para uma mudança na cultura industrial brasileira a partir de então. O que pretendemos aqui é examinar essas mudanças e seus impactos sobre a organização do trabalho na sociedade brasileira. Não se trata de analisar a genialidade ou o oportunismo político de um presidente mas entender um processo maior de transformação que estava em voga: a transição de uma economia tipicamente rural para uma urbano- industrial, dentro de uma perspectiva de desenvolvimento econômico orientada por um Estado de recorte corporativista.
Vargas liderou, como presidente da República, essa