Trabai
Política Externa
Brasileira: Do
Insulamento à
Busca de
Coordenação dos
Atores
Governamentais e de Cooperação com os Agentes
Societários*1
Carlos Aurélio Pimenta de Faria**
A despeito da histórica e amplamente reconhecida centralidade do
Ministério das Relações Exteriores (MRE), ou quase monopólio, segundo os seus muitos críticos, na produção da política externa brasileira, apenas recentemente o órgão, também conhecido como Itamaraty, passou a ocupar lugar de mais destaque na agenda de pesquisa dos analistas acadêmicos da inserção internacional do país. Hoje, os trabalhos pioneiros de Barros (1986) e Cheibub (1985, 1989), que
* Artigo recebido em 23 de maio de 2011 e aprovado para publicação em 17 de agosto de 2011.
** Doutor em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) e professor dos Programas de Pós-graduação em Relações Internacionais e em Ciências Sociais da
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas). E-mail: carlosf@pucminas.br.
CONTEXTO INTERNACIONAL
Rio de Janeiro, vol. 34, no 1, janeiro/junho 2012, p. 311-355.
311
Contexto Internacional (PUC)
Vol. 34 no 1 – jan/jun 2012
1ª Revisão: 25/11/2012
Carlos Aurélio Pimenta de Faria
enfocaram as estruturas e dinâmicas organizacionais do MRE, bem como o seu peculiar ethos corporativo, têm sido retomados e atualizados por uma diversidade de autores, como, por exemplo: Faria
(2008), Farias (2009), Figueira (2010), Lima (2010), Lopes et al.
(2010), Lopes (2010), Moura (2006, 2007), Nogueira et al. (2009),
Pinheiro (2009), Pinheiro et al. (2007), Puntigliano (2008), Silva et al. (2010) e Vigevani e Mariano (1997).
Até meados da década de 1990, prevalecia entre os analistas, bem como entre diversos stakeholders da sociedade civil, a percepção do
Itamaraty, agência estatal responsável pela implementação da política exterior do país, mas que frequentemente tem assumido também, nas últimas décadas,