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Naquela época, as úlceras eram consideradas manifestações psicossomáticas típicas de pessoas ansiosas e estressadas, que deviam ser encaminhadas para o psiquiatra.
Nos anos 1970, o advento das primeiras drogas capazes de inibir a produção de ácido clorídrico na mucosa gástrica tornou possível curar a doença por métodos clínicos. Hoje em dia, perder o estômago por causa de uma úlcera é raridade; já nem lembro do último caso que vi.
Em 1983, Warren J. e Marshall B. isolaram o Helicobacter pylori no estômago de pacientes com gastrite crônica e levantaram a hipótese de que essa bactéria fosse causadora da doença.
Como costuma acontecer com as ideias que subvertem paradigmas estabelecidos, a descoberta foi encarada com enorme descrédito. Existir uma bactéria capaz de sobreviver num meio tão ácido, parecia absurdo.
Hoje sabemos que o H. pylori é uma bactéria cilíndrica dotada de flagelos em forma de cílios compridos que lhe permitem fixar-se à superfície da mucosa gástrica. Consegue viver no estômago graças à capacidade de converter a ureia presente no suco gástrico, em amônia e gás carbônico, processo que lhe fornece a energia necessária para tocar o dia a dia.
Contraída nos primeiros anos de vida, a infecção persiste indefinidamente, a menos que tratada. É mais comum encontrá-la nos mais velhos; especialmente naqueles que passaram a infância em condições socioeconômicas desfavoráveis.
Mais de 50% da população mundial estão infectados pelo H. pylori. A maioria esmagadora dessas pessoas convive com a infecção sem apresentar sintomas.
A presença do H. pylori é considerada fator