Toxicomania E A Sociedade Do Consumo
Nos dias de hoje fica claro perceber a relação que nossa sociedade capitalista estabelece com o consumo: o consumo nos garante prazer, um prazer solitário, imediato - aqui e agora. Vivemos uma éra da “veneração” dos prazeres, uma promessa de felicidade a qualquer custo, acessível e para todos. Nessa perspectiva, também a droga vai entrar em cena para preencher a falta de um sentido maior de vida. É consumindo que nos tornamos alguém, a droga, seja ela o seu tipo, personifica. Ao invés de obter uma identidade no fazer, agora estamos passando por tentar obter uma identidade no gozo de objetos de consumo. “Diga-me o que consomes e eu te direi quem és” diz a psicanalista Diana Corso (1). Ao consumir, as pessoas se sentem capazes, poderosas, seja lá qual for o objeto de anseio, o consumir distrai, alegra e “supre”. “Quem se droga, se basta”. Cada vez mais temos a impressão de viver sem tempo, queremos soluções rápidas, curtir, e não sentir dor, sentir-se fraco, e sim queremos o prazer. A droga, licita ou ilícita se instala como um anestésico, preenche um “vazio existencial”, torna mais suportável o convívio com o incerto, com a dúvida, com os desprazeres, com as tristezas e com as dores. É a solução mais fácil e rápida para não pensar nos problemas. Ao discutir esse tema de prazeres, toxicomania, sociedade de consumo, é possivel fazer um link com o livro “Admirável Mundo Novo – Aldous Huxley”, que retrata, na ficção, uma sociedade pós moderna, com relações estritamente superficiais, onde o culto à beleza e aos prazeres é primordial e não há espaço para momentos de sofrimento, tristeza nem dor. Se, por acaso, alguém se sentir abatido, a solução é simples: há um comprimido, chamado “soma”, que ao ser consumido trás à pessoa novamente a sensação de bem estar e felicidade. Atualmente, no entanto, fora da ficção (mas nem por isso diferente), nos relacionamos com os objetos de forma muito similar que os usuários de drogas