Tortura
Prof. Vanderlei Carbonara
Imagine transitando que no você
está
campus
da
Universidade e ao passar por uma sala de aula escuta gritos. Intrigado, você observa pela janela e vê que uma pessoa está sendo torturada por outras três. A vítima em questão está amarrada a uma cadeira recebendo todo o tipo de agressões e é interrogada para que revele algum segredo, mas que você não consegue entender do que se trata.
Agora pergunto: O ato de torturar alguém para obter informações pode ser considerado uma prática justa e aceitável na vida social? Ou seja, submeter alguém a diferentes formas de sofrimento físico e psicológico, privando-o de sua liberdade, para coagi-lo a revelar alguma informação que não quer revelar, pode ser considerado um bem, de acordo com princípios racionais que orientam o agir humano?
Um mais do exemplo...
Horrorizado com a cena presenciada, você vai em busca de ajuda para fazer parar aquela situação de tortura. Então, eis que você descobre que o sujeito que está sendo torturado é um terrorista que colocou explosivos muito potentes em pontos estratégicos da cidade, mas que não se sabe onde estão e nem como e quando serão detonados. E os homens que estão torturando-o são investigadores que precisam dessas informações para evitarem milhares de mortes. E, claro, tratase de um terrorista muito bem preparado e que está disposto a tudo para alcançar o fim a que se propôs. Agora volto a perguntar: O fato de haver milhares de vidas em risco, justifica a prática de tortura sobre um sujeito, que é o causador do risco a todos os demais? Ou ainda: Se eu aceitar como princípio que a prática da tortura deve ser banida da sociedade, posso considerar legítimo que num caso específico ela seja praticada, em nome do bem comum? Ou ainda: Seria correto colocar um princípio racional – o do respeito à dignidade da vida humana – acima dos riscos às vidas particulares e por isso não