Tonico e tinoco
Em 1930, quando a família Perez trabalhava na fazenda Tavares, em Botucatu, os dois irmãos ouviram discos da série caipira de Cornélio Pires;
João frequentava a escola rural e dava lições para os colonos mais velhos. Dos amigos cobrava um litro de querosene por mês (para manter os lampiões da sala de aula), mas dificilmente recebia alguma ajuda.
José, o mais levado, gostava de caçar passarinhos com arapucas (depois os soltava), de brincar com amigos do arraial e aos sábados vestia-se de coroinha para ajudar na celebração da Missa. Após a cerimônia acompanhava o Padre nas refeições, e voltava para casa levando alimento para os irmãos.
O gosto pela cantoria veio dos avós maternos Olegário e Izabel, que alegravam a colônia com suas canções, ao som de uma antiga sanfona. A primeira música que aprenderam foi Tristeza do Jéca em 1925. Em 15 de agosto de 1935 fizeram a primeira apresentação profissional. Cantaram na Festa da Aparecidinha em São Manuel. Junto com o primo Miguel, formavam o "Trio da Roça".
Em 1931, os irmãos moravam em Botucatu na fazenda Vargem Grande, de Petraca Bacci, com os pais, Salvador Perez - um espanhol de Léon, na Astúrias espanhola, chegado ao Brasil ainda criança, em 1892 e Maria do Carmo, uma brasileira descendente de negros com bugres. Os dois garotos, mal aprenderam a falar, já eram cantadores das modas de viola. Aprendiam as letras com Virgílio de Souza, violeiro das redondezas.
Tonico e Tinoco participavam das primeiras serenatas, alegravam festas e bailes de São João. Nas colônias enfeitadas de bandeirinhas, comiam batata-doce assada na brasa, pamonha, milho verde e bebiam quentão. "Os rapazes trabalhavam o ano inteiro para fazer bonito nos bailes, junto às caboclinhas", conta Tinoco. "Nós lá de