Tomás de Aquino
No século XIII, a Europa está ‘totalmente’ cristianizada, e a Igreja Católica é de fato a instituição que detém em suas mãos o poder de legitimar reis e assegurar validade ética ao que existe na realidade. Tomás de Aquino e sua obra representam em grande parte este momento histórico e, por isso, suas noções acerca da ética exerceram grande influência até o advento da modernidade.
Do mesmo modo que Agostinho de Hipona buscou inspiração no pensamento filosófico grego, para ajudá-lo a responder as questões fundamentais de sua época, Tomás de Aquino também fará este percurso intelectual. Os dois pensadores cristãos, cada um a seu tempo e a seu modo, irão instrumentalizar o pensamento filosófico dos gregos à luz da doutrina e da fé cristã. Como já mencionado anteriormente, Agostinho se serve do platonismo para propor sua ética do amor e organiza sua reflexão de tal modo que se estabelece uma compatibilidade entre as virtudes gregas e as virtudes teologais cristãs.
Tomás de Aquino também buscará nos gregos as bases para construir uma interpretação coerente de seu momento histórico e dar respostas aos desafios éticos de seu tempo. Diferentemente de Agostinho, é em Aristóteles que ele irá encontrar os fundamentos de sua ética do político e de legitimação da cristandade medieval.
É em Aristóteles que Tomás de Aquino irá encontrar a noção de bem comum, de vivência das virtudes como algo inerente aos interesses da cidade (polis) e o universo da política como um serviço à vontade de Deus. Na cristandade medieval igreja e estado estão juntos, articulados e interdependentes, mas é sob a égide do cristianismo (e sua doutrina acerca da fé) que se consolidam os estados nacionais e o discurso ético em geral.
A ética em Tomás de Aquino, juntamente com suas reflexões sobre a felicidade, a lei natural e outros temas caros a Aristóteles, estarão vinculados à teologia e ao horizonte da transcendência religiosa. O ser