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Narrado em primeira pessoa, tendo um narrador que participa da história com visão limitada dos fatos que narra, Minha gente é um dos contos mais bem tramados do livro, com a história principal emendada, alterada, recontada por pequenos detalhes e elementos dados pouco a pouco ao leitor.
O foco narrativo ilumina os passos do protagonista, mas também revela certas sutilezas que servem para esclarecer o sentido mais profundo da história. Há uma partida de xadrez, narrada no início, que mostra como se deve entender o enredo em si: um xeque, dado pelo protagonista, acaba se virando contra ele próprio. Assim, a narração insinua ao leitor que as aparências dos fatos escondem, mais que revelam, sua verdadeira intenção.
É um conto que fala mais do apego à vida, fauna, flora e costumes de Minas Gerais que de uma história plana com princípios, meio e fim. Os "causos" que se entrelaçam para compor a trama narrativa são meros pretextos para dar corpo a um sentimento de integração e encantamento com a terra natal. O lirismo dos temas do amor e da solidão transparece em Minha gente.
O autor utiliza uma linguagem mais formal, sem grandes concessões aos coloquialismos e onomatopeias sertanejas. Alguns neologismos aparecem: suaviloqüência, filiforme, sossegovitch, sapatogorof - mas longe da melopeia vaqueira tão ao gosto do autor. A novidade do foco narrativo em primeira pessoa faz desaparecer o narrador onisciente clássico, entretanto quando a ação é centrada em personagens secundárias - Nicanor, por exemplo - a onisciência fica transparente.
Muitas temáticas são desenvolvidas no conto, por exemplo: a saga da política no interior (tio Emilio); a honra sertaneja (morte do Bento Porfírio); os caprichos do Destino (casamento de Armanda com o narrador).
O cenário é a Fazenda Saco-do-Sumidouro (interior de Minas Gerais), do Tio Emílio, pai de Maria Irma.
.Resumo do conto
Caminham juntos, pelo sertão de Minas, a cavalo, o narrador, Santana e José Malvino. O