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Quanto mais resistentes aos antibióticos, mais as bactérias se multiplicam
É cada vez mais frequente encontrar cepas de bactérias multirresistentes a antibióticos em ambientes hospitalares.
Essa resistência é conferida através de mutações no cromossoma bacteriano ou pela recepção de genes provenientes do meio ambiente ou de outras bactérias.
Duas equipes de pesquisadores portugueses agora descobriram que, ao contrário do que seria de se esperar, a acumulação de ambos os mecanismos na bactéria Escherichia coli (E. coli) frequentemente aumenta a capacidade de sobrevivência e divisão das bactérias.
O estudo, publicado na revista científica PLoS Genetics, foi feito por cientistas da Universidade de Lisboa e do Instituto Gulbenkian de Ciência.
Mutação benéfica para as bactérias
Estes resultados contribuem para explicar o rápido desenvolvimento de multirresistências e obrigam a repensar estratégias de utilização de antibióticos para combater infecções bacterianas.
Geralmente a recepção de novos genes - através de pedaços de DNA denominados plasmídeos - ou o aparecimento de uma mutação no cromossoma bacteriano, são prejudiciais à bactéria e acarretam um custo, por exemplo, uma redução na sua taxa de divisão.
"Pense no que aconteceria se você abrisse o seu computador e mudasse uma peça aleatoriamente ou algumas ligações do processador; você esperaria que o computador passasse a trabalhar melhor ou pior?" exemplifica o Dr. Francisco Dionísio, coordenador do estudo.
No entanto, o que Francisco Dionísio e os seus colegas provaram foi que computadores e bactérias não podem ser diretamente comparados.
Quando, numa célula bacteriana, onde já existe um plasmídeo que confere resistência a um antibiótico, ocorre uma mutação em 10% das combinações, a taxa de divisão das bactérias aumenta, ao contrário do que seria de esperar.
Da mesma forma, quando bactérias já resistentes a um antibiótico devido a mutações no