Toda nudez será castigada

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CAMPUS GUARULHOS

ANDRÉ MENEZES PROSPERI
Noturno

Trabalho sobre o filme
“Toda Nudez Será Castigada” Direção: Arnaldo Jabor

Curso
As belas Também Choram

GUARULHOS
2013

- O tango - A primeira pergunta a ser feita diante da projeção de Toda Nudez Será Censurada pode muito bem ser a seguinte: por que Tango? Por que Jabor, ao adaptar a peça de um autor tão brasileiro (e tão carioca), marcado por escancarar as particularidades do sofrimento do seu próprio povo, escolheria o tango de Piazzolla como trilha da tragédia? A resposta imediata consta justamente do óbvio: o caráter trágico do da música; seu tom profundo, dramático. Não parece justo, no entanto, parar a resposta por aqui. Ainda que por exagero de imaginação, prossigamos: Assim como a alegria exagerada do samba é muitas vezes utilizada para compor cenas trágicas, em alguns casos pode-se fazer uso do tom dramático do Tango para enredar a comicidade de uma cena ou personagem. Em Toda Nudez Jabor se aproveita do caráter trágico do Tango para realçar, além da tragédia, os traços cômicos de Herculano, um personagem formado por contrassensos: notadamente fraco, impotente, cujo nome remete ao deus da força e cujas poucas qualidades, a saber, ter dinheiro e posses, configuram a gênese de seu próprio fracasso.

Se verificarmos os aspectos do tango enquanto dança é possível encontrar analogias que, se não são plausíveis, são bastante curiosas. Alguém já disse que quando se dança tango não se sorri, por se tratar de uma dança grave, profunda. O tango é uma dança que se dança em conflito; com intenções opostas, apesar do mesmo percurso. Não é possível dançar tango sem que haja resistência dos dois. Estão basicamente como duas cartas de baralho apoiadas, onde a força que empurra é a mesma que mantem junto: o instante, poeticamente prolongado, da colisão de dois seres. Tenho a forte impressão de que Jabor, em Toda Nudez, nos apresenta