Tipos de escritas normalizados
LÍNGUA DO OUTRO
Deusa Maria de SOUZA-PINHEIRO-PASSOS deusa@usp.br Universidade de São Paulo (USP)
Tomando a atividade de escrita como uma das maneiras de significar a relação do sujeito com o mundo (Orlandi, 2004), volto meu olhar para sua especificidade em
Língua Estrangeira, no nível universitário, portanto em condições materiais que envolvem necessariamente um tratamento institucional do sujeito produtor de textos, na posição individualizada de aluno-autor (?). Nossos sujeitos de pesquisa são alunos do curso de Letras, de uma universidade estadual de São Paulo, inseridos em um currículo que demanda aprovação na disciplina Comunicação Escrita em língua inglesa. Nosso interesse é tentar compreender, a partir dos seus relatos, aspectos da relação do sujeito aluno(autor) com a escrita em língua inglesa e a modalidade dirigida ao (pelo) leitorprofessor, submetida a injunções no processo de produção textual.
Os textos produzidos nesse contexto pressupõem certos procedimentos relativos a como escrever, modelos legitimados de bom estilo, instâncias que autorizam o acontecimento da escrita. Trata-se, em geral, de algo colado a um ideal de texto
(produto da escrita) acabado, preestabelecido, concebido em outro lugar, (de)marcando o dizer.
Tais relatos apontam para vários aspectos de um processo de escrita ao mesmo tempo complexo e familiar (assentado na tradição escolar), indicando a existência de posições conflitantes, instáveis, inquietantes. Seus dizeres permitem entrever ao menos dois lugares: a “luta” entre o querer dizer e o poder dizer, na língua do outro, e certa fobia da escrita (expectativa frustrada de autoria).
1
A existência e a permanência do aluno na posição de (suposto) autor dá-se institucionalmente, pela via de certo lugar de leitura (do professor), compreendida como instância incontornável que confere legitimidade à atividade de escrita, aparando suas
arestas,