Thomas Hobbes na conjuntura nacional

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Segundo Thomas Hobbes, no estado de natureza a humanidade viveria sob uma eterna desconfiança, visto que as atitudes do outro seriam imprevisíveis, além de movidas pelos seus próprios desejos. Cada homem possuiria a liberdade de agir conforme as suas necessidades iminentes. Contudo, esta liberdade traria, como consequência, a guerra de todos contra todos, na qual cada um protegeria os seus interesses individuais (jus naturale). Com o intuito de modificar a conjuntura instável vivenciada pelos homens durante o estado de natureza, teria sido firmado entre eles o contrato social, institucionalizado pelo Estado, no qual cada um cederia parte de sua liberdade com o objetivo de garantir a harmonia comum. Conforme o pensamento de Hobbes, para garantir o equilíbrio entre os homens, o Estado deveria ser forte, armado e pleno. Retratando a realidade violenta vivenciada pelos morros cariocas, o documentário “Notícias de Uma Guerra Particular” mostra alusivamente a ideia de estado de natureza teorizada por Hobbes, em que cada indivíduo é regido pelas próprias leis com a finalidade de sobreviver ou de sobressair-se diante de uma conjuntura na qual o Estado não consegue se impor de maneira efetiva. Durante o regime militar no Brasil, ocorrido entre as décadas de 1964 e 1985, a afirmação do Estado como o detentor de uma força suprema mostrou-se em conformidade com a teoria hobbesiana. Os filmes “O Que É Isso, Companheiro?”, “Batismo de Sangue” e “Zuzu Angel” reproduzem claramente a síntese ideológica de alguns dos muitos fatos ocorridos durante a ditadura vivenciada pelo país, retratando o terror proporcionado por um Estado comandado pela força bruta.

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