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A CASA MAL ASSOMBRADA

A sala esta vazia, quando o telefone começa a tocar. Então entra a Dona Lurdes e atende.

Dona Lurdes - Calma, calma, já vai!! Gente que isso! Alô ? Salgados da Dona Lurdes bom dia. Sim querido ficamos no Alvorada, entregamos em Sarandi sim. Pode falar querido, sim, coxinha, empadinha. OK então entregamos sim muito obrigada e agradeço sua preferência. Então entra o empregado da casa, o Amarildo segurando uma pá e uma vassoura com cara e jeito de nojo.
Amarildo - Calamidade pública esse quintal Dona Lurdes coisa horrorosa.
Dona Lurdes - Que qui foi Amarildo?
Amarildo - Se não viu a quantidade de pombos que tinha la não? Gente era muitos pombos, tudo bem que pombo em Paris era outra história, mas aqui é rato com asa que existe. (então puxa uma cadeira e se senta jundo na mesa do café da manhã)
Dona Lurdes - Sera que você não podia ir no cartório pra mim não? Pra resolver algumas coisinhas pra mim não?
Amarildo – Impossível Dona Lurdes agora tá na hora do meu “break at work”.
Dona Lurdes – “Break” o que queridinho?
Amarildo - “Break at work”, significa pausa no trabalho querida, nós trabalhadores temos direitos.
Dona Lurdes – A sim, mas isso é pra quem trabalha ne? Porque você só fica ai parado o dia inteiro enchendo a pança.
Amarildo – Dona Lurdes, que que isso? Eu ti ajudando e você falando isso. Catei um monte de pombos la fora pra você naquele quintal.
Dona Lurdes – E por acaso você tiro todas aquelas folhas? Limpo as teias de aranhas?
Amarildo – Que folha? Que teia? A senhora esta preocupado com aquilo? Uma eminencia de pombos que ta ali, capaz de ter uma epidemia, coisa horrorosa aquilo ali.
Dona Lurdes – (pondo as mãos pra cima e olhando também) Ai Jesus dai me forças.
Amarildo – Vo termina ne esse “break at work”, que na verdade não tem nada aqui (diz isso levantando os braços e mostrando a mesa ) e vo depois fazer meus exercicios.
Dona Lurdes – Exercicios, mas que milagre, ainda resta uma esperança senhor