THERESE E BLIMUNDA: IDENTIDADES FEMININAS E A SUA CONSTRUÇÃO OU DISSOLUÇÃO NO LOGOS ATRAVÉS DO DISCURSO

GLEYSON DIAS DE OLIVEIRA

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: LITERATURA COMPARADA
LINHA DE PESQUISA: IMAGINÁRIOS CULTURAIS E LITERATURA

TÍTULO:
THERESE E BLIMUNDA: IDENTIDADES FEMININAS E A SUA CONSTRUÇÃO OU DISSOLUÇÃO NO LOGOS ATRAVÉS DO DISCURSO

1. Introdução

Na literatura contemporânea José Saramago e Elias Canetti, cada um a seu modo, trataram de criar em suas obras personagens femininas que exercem diferentes papéis na sociedade ficcional das obras; o que muito reflete a condição das mulheres na sociedade (atual). As duas obras literárias utilizadas como marco neste trabalho são Memorial do Convento de José Saramago e Auto-de-fé de Elias Canetti. Nelas, temos Blimunda e Therese, respectivamente, que tratam de exemplificar caracteres femininos bastante distintos; o que passa necessariamente por processos diversos para uma constituição subjetiva. Blimunda, individualizada no discurso e transgressora, por se valer mais de um conhecimento assentado na subjetividade, assegura para si um estatuto ontológico mais humano, porque transcendental no trato com as coisas. Therese, com sua subjetividade negada, porque imersa na massa, pois - “na massa ideal todos são iguais. Nenhuma diversidade conta, nem mesmo a dos sexos” (CANETTI, 2011: 14), - ela renuncia à sua própria subjetividade, coisificando-a. Na figura de Therese, temos o gênero feminino permeado por uma aura difusa em que a mulher não consegue reconhecer a si mesma, ou ainda, ela está envolvida em um processo cultural que a molda sem mais aquela possibilidade “de encontrar uma maneira de dar conta da experiência humana” (ABRAMS, 1982), pois não há um reconhecimento dos processos culturais como agentes diretos das ações individuais, e, portanto, não há um reconhecimento da própria subjetividade enquanto determinante dos processos que organizam a sociedade. (ABRAMS apud TILLY, 1994: 20). Com apoio no pensamento de Adorno e Horkheimer (1985), pode-se afirmar