The raven
O prenúncio de sua culpa é expresso por seu medo de quem pode estar batendo à porta. O narrador, já perturbado pelo medo, responde às batidas como se fosse a própria Lenore a chegar a casa. Sua culpa o faz temer aquilo que antes era seu maior desejo: ver sua amada novamente.
Aliviado por perceber que o visitante é apenas um corvo, o narrador pergunta ao pássaro seu nome. O animal responde pronunciando uma expressão que não poderia ser mais apropriada: “nunca mais”. Está feita a ligação entre o homem que perdeu sua amada para sempre e o pássaro que parece lembrá-lo de sua perda. Desse modo, o elemento fantástico é produzido: homem e animal se relacionam através de uma expressão que o deixa “maravilhado” e que vai se tornar o motivo de seu desespero. O protagonista passa do mundo real para um mundo onde só importam seu desejo e suas fantasias mórbidas, e cada tentativa desse homem para descobrir quando terminará sua dor acaba por ser respondida – sempre do mesmo modo – pelo corvo.
A resposta monocórdia do pássaro é vista como “coisa do mal”, mas o que poderia ser considerado pertencente ao mundo irreal é apenas o produto da psique do narrador. Não há dicotomia entre o que acontece e o que parece estar acontecendo, a não ser na mente desse narrador. “O que o corvo responde é apenas o que o protagonista quer ouvir e que, cada vez mais, penetra nas escuras e subliminares regiões de sua melancolia”, acrescenta o