The elephant man

Comentário sobre o filme “The Elephant Man” de David Lynch

Pensando sobre o filme “O Homem Elefante”, chega-se à conclusão que este não se trata de uma estória sobre deficiência física, mas sim sobre as relações da humanidade com a deficiência. Durante o filme, o personagem real John Merrick é inúmeras vezes coisificado e taxado de grotesco, monstro, “freak”, "a versão mais degradante do ser humano" (como era apresentado pelo personagem Bytes no show de horrores), sem falar no próprio termo “Elephant Man”. Raras são as vezes em que é chamado pelo seu nome. Isso nos dá algumas pistas de como a sociedade o via e se relacionava com ele. No filme podem ser encontrados diferentes discursos em relação à pessoa de deficiência. Estes discursos estão impregnados com a valorização do mérito individual, advinda da crença no movimento natural da sociedade. Segundo Kassar, 2000, “na basse da crença no movimento “natural” da sociedade está o pensamento de que, como a natureza, devem triunfar os mais capazes, com o desenvolvimento de suas potencialidades naturais”. Essa valorização do mérito individual está evidenciado, por exemplo, no discurso de Bytes com dr Treves, ao tentar recuperar seu “tesouro” do hospital: "O que ele vai fazer? É uma aberração, coitado”. Bytes deposita em Merrick, em sua deficiencia a possibilidade deste não conseguir fazer nada diferente do que ser atração em um freak show. O filme, brilhantemente, nos fazer avaliar nossa própria postura em relação à deficiencia física. Nosso modo de pensar e ver Merrick vai se transformando a medida que se transforma a relação do personagem com si e com a sociedade representada no filme. Nossas reações evoluem, desde a primeira vez que vemos John Merrick até o fim do filme, do horror à piedade e finalmente ao respeito. É assim, também que evolui o discurso dos outros personagens em relação à John, e o deste sobre si mesmo, ou seja, a medida em que muda a sua relação com os outros, com o mundo,