The clash of civilization
“As distinções mais importantes entre os povos não são ideológicas, políticas ou econômicas. Elas são culturais.”
Doutor pela Universidade de Harvard, especialista em política americana e internacional, relações internacionais e nas modernizações transformadoras da sociedade, Samuel Phillips Huntington, publicou em1993, na revista americana Foreign Affairs, o controverso ensaio The Clash of Civilization?, abordando a teoria por ele elaborada de quê as identidades culturais e religiosas dos povos tornar-se-ão a principal fonte de conflito no mundo multipolarizado.
Nos anos posteriores à Guerra Fria, constatou-se o começo de mudanças nas identidades dos povos, e consequentemente na política mundial. Pela primeira vez na História, esta se tornou multipolar e multicivilizacional. A partir da conjectura de que os valores das sociedades contemporâneas são o reflexo da herança deixada pelas civilizações, Huntington infere que são as diferenças culturais que levarão nações a conflitos étnico-religiosos. Neste contexto, a ilusão de harmonia pós 1989 logo foi dissipada pela multiplicação de conflitos de limpeza étnica, pela ruptura da lei e da ordem e pelo surgimento de novos padrões de alianças e conflitos. Para Huntington, a divisão internacional tornou-se um paradigma capitalista, segregando o mundo entre nações pobres e ricas, e, além disto, maximizando a anarquização das relações interestatais, visto que cada Estado luta para garantir a sua sobrevivência e segurança, levando o cenário internacional a um clima anárquico e desproporcional. Nesse mundo, os conflitos de maior relevância não se darão entre classes sociais, ou entre grupos definidos em termos econômicos, mas sim entre povos pertencentes a diferentes entidades culturais. Para Samuel, guerras tribais e conflitos étnicos ocorrerão no seio das civilizações; e os conflitos culturais mais perigosos são aqueles que ocorrerem ao longo das linhas de