Textos

O exercício da cidadania tem um longo caminho a fazer para se chegar ao que se denomina de cidadania ativa. Há uma “cidadania da espera” orientada pela lógica de que o Estado garanta os direitos. Um caso exemplar é a grande maioria das associações de moradores em que suas diretorias, seus associados mantêm a expectativa de que o presidente deve resolver todos os problemas do bairro. Nem mesmo a diretoria da associação toma para si a participação nas discussões e busca de solução dos problemas da comunidade. Então, o presidente vai se constituindo em um “cabo eleitoral” do governo local ou de interesses de grupos políticos passando exclusivamente por ele as necessidades de sua “clientela”. Os sindicatos, com raríssimas exceções, ocupam-se com funções eminentemente burocráticas e jurisdicistas, nunca se envolvendo com funções de organização ou formação de suas respectivas categorias. Isto revela uma cidadania passiva, em que na melhor das hipóteses, hoje a população de modo geral, prefere manifestar suas queixas ou fazer alguma reivindicação utilizando os veículos de comunicação, sobretudo, o rádio.
Neste sentido, os programas de rádio interativos em Lages vão conquistando sempre mais espaço em vez de alguma mobilização social ou manifestação pública organizada. Os mecanismos de participação política como Conselhos Gestores de políticas públicas têm expressão quase inexistente quando não se transformam em aparelhos do poder constituído. Não se pode também, esquecer das práticas clientelistas e do uso de antigos métodos de convencimento do eleitor em tempos de eleição, como por exemplo, muito recorrente ameaças de perda ou garantia de um emprego público. Os eleitores ficam a reclamar que “somente veem os políticos em tempos de eleição”. Ou que estes viram as costas depois de eleitos. O fato é que, o controle social sobre as práticas dos profissionais da política ou das políticas públicas desenvolvidas é praticamente nulo. Estas e outras práticas sociais