Textos literarios
“O sonho de um céu e de um mar.
E de uma vida perigosa.
Trocando o amargo pelo mel.
E as cinzas pelas rosas.
Te faz bem tanto quanto mal.
Faz odiar tanto quanto querer.”
Observe que o eu lírico emprega palavras que se opõem quanto ao seu sentido: “céu” se opõe a “mar”, “amargo” a “mel”, “bem” a “mal”, “odiar” a “querer”, com a finalidade de construir o sentido a partir do confronto entre ideias opostas. O mesmo acontece nesses versos de Vinícius de Morais:
“Tristeza não tem fim,
Felicidade, sim.”
Há quem confunda “antítese” com “paradoxo”. A diferença reside, entretanto, na maneira como esses opostos se relacionam. Na antítese, temos duas teses contrárias, antônimas:
“Estou acordado e todos dormem, todos dormem, todos dormem”. (Monte Castelo, Renato Russo)
Enquanto o eu lírico está acordado, os outros seres dormem. Seria um exemplo de paradoxo se a mesma construção estivesse da seguinte maneira:
“Estou dormindo acordado”.
Neste caso, temos um exemplo de paradoxo, já que a oposição de ideias se dá num mesmo referente.
Portanto, antítese é a figura de linguagem que consiste em construir um sentido através do confronto de ideias opostas.
Anáfora: Leia estes versos de Manuel Bandeira:
“Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia”.
Observe que o poeta inicia os três primeiros versos com a mesma expressão “Vi uma estrela”, com o objetivo de enfatizar essa ideia. Esse recurso usado tão frequentemente na poesia é uma figura de linguagem chamada anáfora.
Veja outro exemplo, agora nos versos de Vinícius de Moraes:
“Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres
Que ninguém mais merece tanto amor e amizade
Que ninguém mais deseja tanta poesia e sinceridade
Que ninguém mais precisa tanto da alegria e serenidade”.
A anáfora consiste em repetir uma palavra ou expressão a espaços regulares durante o texto. É muito comum nas trovas populares, cordéis