Textos Enem
A lei que legaliza a maconha no Uruguai, aprovada há cinco meses pelo Poder Legislativo, foi promulgada pelo presidente José Mujica. A droga poderá ser obtida pelos residentes do país por meio do cultivo doméstico, de clubes de usuários ou diretamente em farmácias, que irão comercializar a produção controlada pelo Estado.
A legislação uruguaia vai além da liberação do consumo e do plantio caseiro, já aprovados em países como Portugal e Holanda. É a primeira vez que um governo promove a regulamentação de um mercado nacional com regras para o cultivo, a venda e o uso da maconha.
O Uruguai transforma-se, assim, numa espécie de laboratório para a formulação de novas políticas relativas às drogas, numa época em que as estratégias repressivas são cada vez mais criticadas.
Veio da prestigiada London School of Economics and Political Science (LSE) o mais recente apoio à visão liberalizante. Com o endosso de cinco prêmios Nobel de Economia, estudo divulgado na quarta-feira repisa problemas do proibicionismo, cujos resultados têm-se revelado pífios, e sugere duas linhas básicas de atuação.
A primeira é a transferência de recursos hoje destinados à repressão para programas de saúde, prevenção e redução de danos. A segunda é a legalização, que precisaria ser monitorada a fim de que se identifiquem estratégias eficazes.
O relatório da LSE soma-se a uma longa série de manifestações em favor de políticas inspiradas na racionalidade econômica e na experiência acumulada no terreno da prevenção e do tratamento. Estão no grupo intelectuais e personalidades políticas de prestígio internacional, como os ex-presidentes Bill Clinton, dos EUA, e Fernando Henrique Cardoso, do Brasil.
É forçoso reconhecer que a restrição às drogas tem gerado uma série de efeitos colaterais --despesas públicas exorbitantes, criminalidade, corrupção e aumento de população