Textos culturais de Freud
CIVILIZATION AND DESTRUCTIVITY: A READING OF FREUD’S CULTURAL TEXTS
José Oto Konzen, da Universidade Federal do Tocantins
RESUMO
O trabalho investiga a natureza da hostilidade dos indivíduos contra a civilização, tomando por base as interpretações de Freud presentes em textos específicos de sua investigação conhecidos, em geral, por textos culturais. Particularmente, Reflexões para tempos de guerra e morte, de 1915,
Psicologia de grupo e análise do ego, de 1921, O futuro de uma ilusão, de 1927, e Mal-estar na civilização, de 1929. A tese central é que essa hostilidade está associada ao caráter repressivo da civilização, que tem por base a idealização cultural, sobre a qual repousa o descompasso existente entre o desenvolvimento técnico e humano e entre o desenvolvimento social e o individual, que demarcam a civilização analisada pelo autor.
Palavras chave: Civilização. Hostilidade. Identificação. Sublimação. Idealização.
INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho é investigar a natureza da hostilidade dos indivíduos contra a civilização, tomando-se por base as interpretações de Freud presentes em textos específicos de sua investigação conhecidos, em geral, por textos culturais. Particularmente,
Reflexões para tempos de guerra e morte, de 1915; Psicologia de grupo e análise do ego, de 1921; O futuro de uma ilusão, de 1927, e Mal-estar na civilização, de 1929. Como evidenciam as datas das publicações, Freud desenvolveu essas análises ao longo da segunda e terceira décadas do século XX. Nesse momento, a burguesia despedia-se do seu período áureo - para usar uma expressão do historiador Hobsbawm - e ingressava num período nebuloso, marcado pelo surgimento da primeira guerra mundial, pelas lutas e revoluções operárias, pela afirmação de movimentos conservadores e totalitários bem como pela emergência de grande crise econômica. A dicotomia entre indivíduo e civilização, que