Texto
Em que nos sentimos apenas metade.
Sabemos nos falta alguma coisa.
Mas não sabemos bem o que é.
Talvez amor demais para dar e ninguém a merecê-lo.
Talvez um grito sufocado na garganta.
Talvez um não querer que a alegria fosse apenas uma fração de momento.
Talvez até uma lágrima contida pela vergonha patética de deixá-la cair.
Assim, sem mistério, sem medo, sem nada.
Somos covardes em dobro, nestes momentos da vida em que somos apenas metade.
Somos covardes ao mistificar um sorriso no rosto.
(se a alma não está sorrindo)
Somos covardes ao pedir barulho.
(a mente nos pede paz)
Somos covardes ao mostrar falso contentamento.
(se o coração está descontente)
Aí vem o pior desencontro,
É o desencontro da gente com a gente
É olhar no espelho e sentir revolta.
É a decepção.
É o desengano.
É o desencontro.
É o desencanto.
É a vontade imensa de que tudo seja só pesadelo, para que possamos tragicamente acordar.
Acordar para um passeio louco, por entre as cores do arco-íris.
Acordar para descobrir que nunca é tarde para se abraçar um amigo, para olhar para trás, para se pedir perdão, para ser feliz e lutar por isso.
Mesmo que durante esta luta se caia várias vezes num negro chão ou num escuro submundo.
O ganhar só é bom quando antes dele vem o perder.
Olha, um dia você vai acordar de manhã e ver que o sol continua sendo sol e o céu continua sendo azul e que a esperança está em cada amanhecer
E assim quem sabe de súbito, você se surpreende com a felicidade em seu