Texto O desenho - Vilanova Artigas
Texto da Aula Inaugural pronunciada na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP em 1 de março de 1967. Reedição da publicação do Centro de Estudos Brasileiros do Grêmio da FAUUSP, 1975.
O campo de atuação do arquiteto, nas condições do mundo contemporâneo, amplia-se cada vez mais. Não se trata de uma avaliação quantitativa – mais casas, mais cidades, mais serviços necessários. Seria afirmar o óbvio. Meu ponto de vista é o da estética. E melhor dito, significaria: as artes ganham, cada vez mais, raízes novas na vida social. O campo especulativo das artes se amplia. Seu interesse pela universalidade dos objetos, alguns deles tradicionalmente afastados das especulações estéticas, mostra o homem através da arte explorando o mundo físico e social com novos instrumentos.
A curiosidade da arquitetura moderna não tem fronteiras. A arquitetura se reaproxima da definição vitruviana: “scientia pluribus eruditiones ornata”.
Entre as artes, a arquitetura teve quase sempre um lugar privilegiado na história que a salvou, algumas vezes, de ser considerada atividade inútil. É sabido que Platão distinguia as artes úteis, que tomavam os processos da natureza por modelo e a ela se adaptavam para em proveito do próprio homem, e as inúteis – como a pintura – e a música.
Entretanto a arquitetura, quando se salvou de ser considerada inútil enquanto ligada à construção, quantas vezes passou por supérflua!!!
Um dos maiores arquitetos da Inglaterra vitoriana, ao se pronunciar em defesa da arte, teve a infelicidade de defini-la nos seguintes termos: “A arquitetura, como distinção de mera construção, é a decoração da construção”. Infelicidade porque a noção de “decoro” começava, precisamente, a receber os primeiros golpes da crítica estética.
Esse modo de dizer não se permite hoje, pois repeti-lo seria prova de ingenuidade, quando menos.
Mas, o pior dos conceitos que essa definição contém, aparece com frequência em formulações