Na questão I, esperava-se que o aluno apresentasse as visões dos autores a respeito da figura do índio e apontasse as divergências presentes nos textos quanto à representação do indígena. No texto I, observamos a figura do “bom selvagem” rousseauniano, em perfeita consonância com o mundo natural. O dilúvio arrasta, além da palmeira, o passado dos dois jovens. A água, símbolo da purificação e renovação, ao mesmo tempo em que desabriga o casal, torna-os igual. Já não há mais o primitivo e o civilizado, estão livres de quaisquer convenções, prontos para habitar a nova terra e viver a “vida natural”, idealizada por Rosseau. Na perspectiva alencariana as raças que deram origem ao povo brasileiro foram a indígena e a europeia. Entretanto, o homem branco não poderia representar o herói nacional, pois isso iria entrar em choque com o sentimento nacionalista que surgiu após a independência do Brasil. Então, coube ao índio representar o herói nacional na literatura romântica. A luta de Peri com a própria natureza para desprender a palmeira do solo e salvar, sobretudo Cecília se assemelha aos feitos heróicos dos cavaleiros medievais. Ainda conforme a tradição medieval, observamos também a relação de vassalagem amorosa uma vez que Ceci é a senhora, termo que indica a superioridade feminina. No texto II, Ipavu vive um processo de perda da identidade cultural em consequência do contato com o homem branco. Os hábitos de usar roupas de branco, de roubar, de beber cerveja, de sentir vontade de viver em um prédio confirmam as mudanças vividas por Ipavu. Ao contrário de Peri que é honrado, fiel e corajoso, Ipavu pratica furtos e é infiel às suas tradições. Dessa forma, pode ser dizer que Antônio Callado satiriza a tradição indianista a medida em que destrói a visão idealizada do índio, Ipavu é o oposto do cavaleiro “medieval” indígena, ele é mediatista, prático e acomodado.
Na questão II, esperava-se que o aluno apontasse as semelhanças e diferenças entre as personagens Aurélia e