Texto e contexto - parque industrial
Sob o pseudônimo de Mara Lobo, Patrícia Galvão escreve um romance que procura analisar as conseqüências de um sistema produtor de injustiças sociais que começa a dar evidências de suas contradições.
Não podemos deixar de lado os acontecimentos sociais que servem de pano de fundo à obra: é um livro posterior à Crise de 29, evento que mexeu com a economia do mundo ocidental e serviu de argumento àqueles que acreditavam que o capitalismo não poderia ser sustentado. A crise em questão está muito próxima dos efeitos da Primeira Guerra Mundial que alterou a ordem mundial e deixou sementes para uma outra grande guerra sem precedentes na história, levando-se em consideração que todas as nações se envolveriam direta ou indiretamente nessa guerra incrivelmente destrutiva.
É, sem dúvida, um romance engajado. Vejamos algumas de suas características, e o que faz de Parque Industrial uma obra de valor literário...
Teares
Patrícia Galvão possui teares dinâmicos e tece imagens sucessivas em que a realidade não é mostrada de forma idealizada, porém, de forma crítica. Apesar de escrever um romance declaradamente socialista, aproximando-se do panfletário, não deixa de lado as qualidades literárias que às vezes se afastam do puramente didático e também das limitações impostas pelo romance socialista tradicional, o que levou a escritora a ser expulsa do Partido Comunista.
A linguagem ambulatória e rápida assemelha-se ao roteiro de cinema, com cortes bruscos e diálogos cria um contexto em que cenas isoladas adquirem sentido, o sentido central da obra: delatar as injustiças sociais e incitar a coletividade a organizar-se para alterar a realidade de alienação e exploração do trabalhador. O centro do romance é o Brás: forma de apresentar o trabalho industrial como lugar em que se produz o movimento econômico e social do país, indispensável para a manutenção dos privilégios burgueses, e portanto, verdadeiro centro da