Texto sobre o filme "língua - vidas em português"
Sempre fiquei incomodado com a Língua Portuguesa. Sabe aquela disciplina que você não gostou durante a vida escolar? O Português sempre foi a minha. Tentava decorar todas as regras, estruturas, expressões, mas sempre tive dificuldade.
Eu não aceitava o imenso abismo que havia entre o que eu estudava em sala de aula (norma culta) e o que eu escutava no dia a dia (coloquialismos). Mas só com o passar do tempo fui pegando o “jeito da coisa”, sabendo dosar melhor os momentos de se usar um tipo ou outro.
Contudo, sempre achei o entendimento da mensagem falada como o fato mais importante da nossa comunicação. De que adianta saber o português “certo” e não entender ou se fazer compreendido num ambiente onde predomine algum regionalismo ou coloquialismo, seja por variações da língua ou por gírias?
Assistindo o documentário Língua: vidas em português percebi essa tamanha importância do entendimento da língua. Tantos países, tantas variações, tantos regionalismos, mas tudo se fez compreender durante o filme.
O resumo final de José Saramago é fantástico: “...não há uma Língua Portuguesa, há línguas em Português”. Isso traduz bem a ideia do documentário. E como também bem disse Martinho da Vila, que ressaltou a beleza e a conexão dos países da lusofonia, durante muito tempo os países que falam o Português se mantiveram distantes, ressaltando inclusive a distância entre as fronteiras dos países, mas a conexão entre estes se manteve através da Língua Portuguesa.
Sem “sertos” ou “erados”, vamos nos permitir aceitar as diferenças para cada vez mais diminuir a distância entre os “Portugueses”, seja entre países, seja entre a escrita ou a fala.