Texto sobre gestão esportiva
Com o montante gasto para construir as suntuosas arenas, poderiam ter sido construídos milhares de escolas e hospitais, por exemplo
Rafael Pinto*
Realizar a Copa do Mundo na África do Sul foi uma idealização com embasamentos estudados. Todos diziam que realizando um Mundial no continente africano iria se mobilizar a população, gerar milhares de empregos, além de trazer investimentos para o país. Realmente, foram gerados muitos empregos temporários, a economia foi movimentada pela quantidade de turistas, milhões de dólares entraram no país, mas a pergunta que ecoa é: para onde foram os milhões e o que a Copa mudou na vida de um sul-africano?
Alguns momentos de alegria não mudaram em nada a rotina de um país onde 20% da população são infectados pelo vírus HIV, 40% da força trabalhadora está sem emprego e a falta de trabalho induz o africano a roubar e até mesmo matar para sobreviver. No Hospital Chris Hani Baragwanath, em Soweto, a cidade que foi palco de movimentos anti-raciais, chegam por ano duas mil pessoas, em média, feridas por armas de fogo.
O continente africano possui o maior IPH (índice de pobreza humana) no mundo e as maiores taxas de analfabetismo, de subnutrição, de natalidade, de mortalidade, de mortalidade infantil e de crescimento demográfico.
Esses dados nos deixam ainda mais perplexos quando vemos declarações como a do presidente sul-africano, Jacob Zuma: “Da Cidade do Cabo ao Cairo, o continente africano e a África do Sul no cenário das férias, das conferências e dos investimentos, o que contribuirá para aliviar a pobreza. Agradeço a Fifa por confiar a realização da Copa do Mundo para a África do Sul”.
Tive a oportunidade de estar por duas vezes em Johanesburgo e vi com meus próprios olhos a miséria em que a grande maioria vive. Ver crianças de 12 anos de idade subnutridas, andando livremente com armas quase maiores do que elas, não é nada agradável.
Foi muito legal ver as pessoas