Texto ROUSSEAU CI NCIA POL TICA
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entre os fil6sofos do chamado seculo das luzes, que preconizavam a difusao do saber como 0 meio mais eficaz para se por fim superstic;ao, a ignorancia, ao imperio da opiniao e do preconceito, e que acreditavam estar dando uma contribuic;ao enorme para 0 progresso do espirito humano, Rousseau, certamente, ocupa urn lugar nao muito comodo. Seu irigresso na republica das letras deu-se com a obtenc;ao do premio concedido pela Academia de Dijon, que havia proposto 0 seguinte tema para dissertac;ao: "0 restabelecimento das ciencias e das artes teria contribuido para aprimorar os costumes?" Ao responder negativamente a essa questao, Rousseau iria marcar uma posic;ao bem diferente do espirito da epoca.
"Se nossas ciencias saG inuteis no objeto que se prop6em, saG ainda mais perigosas pelos efeitos que produzem."
I Antes pois de defender 0 processo de difusao das luzes, imp6e-se perguntar sobre que tipo de saber tern norteado a vida dos homens.
5e 0 progresso das ciencias e das artes nada acrescentou a nossa felicidade, se corrompeu os costumes e se a corrup<;:ao dos costumes chegou a prejudicar a pureza do gosto, que pensarmos des· sa multidao de autores secundarios ... Que pensarmos desses compiladores de obras que indiscretamente for<;:aram a porta das ciencias e introduziram em seu santuario uma popula<;:a indigna de aproximarse del as, enquanto seria de desejar-se que todos aqueles que nao
pudessem ir longe na carreira das letras fossem impedidos desde inicio e encaminhados as artes uteis a sociedade? 2
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A critica as ciencias e as artes, contudo, nao significa uma recusa do que seria a verdadeira ciencia. De certa maneira, se Rousseau nao partilha com seus contemporaneos
0 ideal da difusao das luzes do saber, pode-se dizer que, ao invocar 0 ideal do sabio, sua exigencia e ainda maior do que a deles, porque acompanhada de uma