TEXTO PARA INTERPRETAÇÃO
OS MESES DO ANO
Hoje você fará uma leitura diferente. Trata-se de um conjunto de textos curtos retirados de um calendário de 1978 da Caixa Econômica Federal. Cada parte se refere a um mês. O calendário é antigo, mas como não mudaram os meses do ano, os textos permanecem atuais. JANEIRO (Clarice Lispector) Eu vos afianço que 1978 é o verdadeiro ano cabalístico, pois asoma final de suas unidades é sete. Portanto, mandei lustrar os Instantes do Tempo, rebrilhar as Estrelas, lavar a Lua com leite e o Sol com oiro líquido. Cada ano que se inicia, começo eu a viver.
FEVEREIRO (Luis Fernando Veríssimo O mês mais curto é o que mais vocês curtem. Vocês, estilizados. Eu, no ar-condicionado. Vocês, na terça-feira gorda. Eu, um quarta-feirento. Cinzento. Eu, veríssimo. Vocês, verão.
MARÇO (Pedro Nava) Março é o mês de prodígios infinitos – já que mar cabe em seu nome. Março abre aulas. Março enche a rua de garotos. Ah! marçomar! Faz o milagre de acordar em mim o menino que já fui…
ABRIL (Elsie Lessa) Abril, floral. O começo da primavera, bom como todos os começos. A promessa de um inverno, que é o resto da primavera. E já esperar pelas doçuras de maio, o mês que é primavera no mundo inteiro.
MAIO (Mário Quintana) Ao claro som dos sinos de Maria, o Outono aporta no País de Maio em sua barca toda azul e ouro!
JUNHO (Carlos Drummond de Andrade) Os amantes se aquecem mais em junho. A carícia, entre lãs, avança cálida. O toque, o beijo, a inquietação daninha fagulham, puro ardor, sob o céu pálido.
JULHO (Lygia Fagundes Telles) É tempo de frio, mas é tempo de férias.