Texto oratoria

Ser ou ter
Os poetas árcades pregavam o carpe diem, o inutilia truncat, ou seja, aproveite o momento, tenha somente aquilo que for necessário. Porém, em uma sociedade capitalista como a nossa, esses princípios encontram poucos adeptos, pois tudo gira em torno do dinheiro e o lema passa ser o ter.
Desta forma, estamos sempre ouvindo histórias que acontecem movidas pela cobiça, a ganância. O dinheiro da origem a elas: é o dinheiro que lota tribunais, é ele que coloca os pais e filhos em discórdia, que põe as armas nas mãos dos assassinos; é por causa dele que as discussões entre marido e mulher ecoam na noite; por causa dele, os governantes massacram, saqueiam e arrasam cidades na busca de tesouros. Então, mesmo a espécie humana tendo necessidades, é certo colocar de lado nossos valores? Na literatura temos exemplos de homens que colocaram o dinheiro acima dos valores, dor sentimentos. É o caso do João Romão, personagem de Aluísio de Azevedo, que rouba dos vizinhos para construir seu cortiço, que entrega sua companheira de anos à polícia para casar-se com outra, e enfim, ter uma posição social privilegiada. Isso também acontece em São Bernardo, obra de Graciliano Ramos, cujo personagem Paulo Honório passa por cima de tudo e de todos pra ter poder. Charles Chaplin afirmou que o caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma do homem... Levantou no mundo as muralhas do ódio... E tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, emperdenidos e cruéis. Pensamos em damasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que inteligência precisamos de afeição e doçura. Sem essas duas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido. Assim, refletindo sobre