Pacificamente até ao cume O sol raiava, pouco depois das seis da manhã preparava-se para aquele que iria ser o desafio final, estava ciente da dificuldade daquilo a que se proponha concretizar, certamente iria passar a olhar a vida de maneira diferente depois de tal feito. Começou pé ante pé, passo após passo, com a roupa que havia guardado há já algum tempo para esta aventura, que há muito, muito tempo, havia imaginado, mas nunca encontrara a altura certa para a realizar; umas calças camufladas, usadas em aventuras de outros tempos, no tempo em que tinha sangue na guelra como lhe diziam, no tempo em que serviu o seu país na guerra, dos tempos que não gostava de relembrar, as botas eram as de sempre, que usara todos os dias, como o ar que respirava, a camisola, era de longe do que levava o que tinha maior significado e importância, feita de malha, feita e pensada pela sua mulher, que havia falecido num passado recente, tricotada com carinho, por ela, para esta sua utópica aventura. Queria chegar ao cimo da montanha e se possível chegar cume ainda a respirar e com forças para a descer. A brisa, ligeira, era agradável, soprava-lhe no rosto, que era também atingido pelos raios de sol, dando-lhe o incentivo necessário para o início desta aventura. À primeira vista tudo era digno de um filme digno dos melhores estúdios de cinema, as condições atmosféricas, a roupa que vestia, acarretada de simbolismo, para ele, e o tentar de algo praticamente impossível para uma pessoa de tal avançada idade. Pé ante pé, passo após passo, conseguira fazer os primeiros metros como se nada fosse, começava a acreditar que seria possível chegar ao cume e sem perecer pelo caminho, ficara confiante com este início favorável, mas ainda tudo havia começado e sabia que a qualquer momento o rumo da sua idealizada missão poderia mudar, muitos tentaram, alguns conseguiram, mas mais falharam, era algo sempre presente na sua mente. Os primeiros passos não apresentaram assim tanto esforço