Texto Filosófico
Ninguém sabe o verdadeiro nome do homem a quem chamavam Belerofonte, que era filho de Posídon (Netuno) e da deusa do mar Eurínome. «Belerofonte», que significa «assassino de Belero» em grego, era um diminutivo e a história diz que ele matou um homem de Corinto chamado Belero e fugiu para Tirinto, para a corte de Preto, que era irmão de Acrísio, o pai de Dánae e avô de Perseu. Eram irmãos gêmeos mas estavam desavindos mesmo antes de terem nascido e tinham lutado pelo reino de Argo, mas na época em que Belerofonte chegou em busca do santuário, a desavença tinha finalmente sido apaziguada. O reino foi repartido e
Preto governava a sua parte da cidade de Tirinto.
Não foi o rei Preto mas a mulher Estenebeia que se zangou com o recém-chegado,
Belerofonte. Teve um destino como o do bíblico José ou do filho de Teseu Hipólito, quando Estenebeia se apaixonou por ele e tentou seduzi-lo. Quando ele a repeliu, ela não dominou os seus sentimentos, só que estes se tinham alterado passando do desejo à fúria. Forçou-se a chorar copiosamente e depois correu para junto do marido gritando que Belerofonte tinha tentado seduzi-la. Este protestou com veemência mas no meio do reboliço não o escutaram e atiraram-no para uma masmorra. Preto não queria envolver-se diretamente na morte deste jovem perverso, pois
Belerofonte tinha chegado a Tirinto em busca do santuário e os deuses costumavam ser duros para quem violava o santuário ao matar um suplicante.
Então o rei preferiu enviar Belerofonte para o sogro, Ióbates, rei da Lícia, levando uma placa de cera onde estava escrito que ele tentara seduzir Estenebeia, pelo que tinha de ser morto. Ou Belerofonte era um mensageiro muito honrado ou não sabia ler, pois apresentou-se com a placa a Ióbates que teve relutância em assumir um crime de sangue ao matar um hóspede, pelo que teve uma idéia que considerou como excelente solução. Iria mandá-lo para a morte enviando-o para o monstro que atormentava a cidade em