Texto Economia
Com inflação alta e crescimento baixo, o governo Dilma passa por seu pior momento. A má notícia para ela: falta só um ano e meio de mandato. A boa: é tempo suficiente para uma virada
São Paulo - Na política e na economia — como na vida — é comum os fatos serem reavaliados à medida que o tempo passa. O presidente José Sarney acabou o mandato com uma inflação anual de 1 800%, mas hoje também é lembrado como o guardião da redemocratização. No dia da votação do impeachment de Fernando Collor, cerca de 500 000 pessoas foram às ruas pedir sua cassação.
Duas décadas depois, ninguém se esqueceu das denúncias de corrupção em seu governo, mas até seus inimigos reconhecem seu papel na abertura da economia brasileira. Como já se disse sobre avaliações a respeito de mandatos presidenciais, o legado é uma questão a ser avaliada por quem ainda nem nasceu.
Passados dois anos e meio da posse da presidente Dilma Rousseff, discutir como ela entrará para a história é pura especulação. O que parece evidente a esta altura do campeonato é que seu governo patina. Dilma não conseguiu deixar uma marca — pelo menos não uma marca positiva.
Em favor da presidente, seus defensores podem dizer que ela mudou as regras de remuneração da poupança, abrindo caminho para a queda dos juros. Podem lembrar do novo regime de previdência complementar dos servidores públicos federais, que deve reduzir o déficit da previdência social, e das regras que prometem aumentar a competição no setor portuário.
Essas medidas foram inegavelmente um avanço, mas nenhuma delas tem relevância o suficiente para ser classificada como o marco de uma gestão — pelo menos não em comparação ao legado dos últimos presidentes. Colocados na balança, os efeitos negativos do governo Dilma até agora pesaram mais do que seus acertos.
Nos últimos dois anos, a economia cresceu a uma taxa anual média de mero 1,8% — ante 4% nos anos Lula e 2,3% na gestão Fernando Henrique Cardoso. O