Texto da Gulbenkian - Génese de Conflitos entre Grupos

Nos regimes democráticos acredita-se no direito à igualdade de oportunidades dos cidadãos (saúde, educação e emprego) e que esses direitos não devem ser limitados por sexo, raça, crenças, ou religião. Contudo, segundo Monteiro (2005), um olhar sobre a sociedade mostra-nos a existência de atitudes e comportamentos discriminatórios, sempre que determinadas circunstâncias colidem com os valores socialmente implantados em cada contexto. Procurando recorrer a exemplos explicativos de circunstâncias onde os valores podem colidir, o mesmo autor anteriormente citado refere que ocorrem atitudes discriminatórias quando: há limitação de recursos materiais ou simbólicos (há mais candidatos a uma função do que o número de postos de trabalho) nestas situações, os trabalhadores escolhidos são geralmente os que melhor se inserem nos valores da empresa, para a qual se estão a candidatar. E também, quando há grupos com fortes crenças sobre aspetos da vida social (a direção de um banco só aceita candidatos masculinos acreditando que estes dão maior garantia de eficácia do que os femininos) ou seja, a crença e naturalmente o preconceito de que os homens são mais responsáveis e trabalhadores que as mulheres exclui a possibilidade de as mulheres assumirem cargos de poder. Estes exemplos que foram dados, remetem notoriamente para conflitos entre grupos gerados por atitudes preconceituosas. Segundo Jones, “ o preconceito pode ser definido como o “julgamento prévio (pré-conceito) negativo dos membros de uma raça ou de uma religião, ou dos que desempenham qualquer papel social significante, que se mantêm mesmo que os factos o desconfirmem” (Jones, 1972 cit. p/ Monteiro, 2005, p. 412). Ou seja, um preconceito pode estar tão enraizado numa sociedade que mesmo que factos científicos confirmem a contrariedade do mesmo, os cidadãos não mudam a sua mente e continuam a ter atitudes negativas, sempre que se deparam com sujeitos ou grupos pelos quais nutrem algum tipo de preconceito.