Texto Crítico a José Sócrates 2009
Quando o tribunal considerou as escutas a José Sócrates, no âmbito do Processo face oculta ilegais, só nos restava respeitar e acatar as ordens do tribunal uma vez que vivemos numa sociedade democrática, onde os poderes estão perfeitamente divididos entre o legislativo, o executivo e o judicial. Porém, neste fim-de-semana, as ditas escutas foram publicadas num conceituado jornal e todos puderam ler aquilo que um tribunal considerou irrelevante. Depois disto, assistimos a uma avalanche de notícias, programas, debates, entrevistas, comentários, etc. Sobre o conteúdo destas escutas. Aquilo que afinal era irrelevante, passou a ser tema de conversa em cada esquina e rua de Portugal. Para uns, aquilo que foi dito por Sócrates é motivo para que o governo se demita, para outros, nomeadamente Sócrates, não passa de mais de um jornalismo de buraco de fechadura. Está na altura de acordarmos para a realidade porque, embora o buraco da fechadura ser muito pequeno, aquilo que se vê através dele é escandaloso. Não quero acreditar que vivo neste país! Como será possível que um tribunal considere estas escutas irrelevantes, quando se revelou que Sócrates mentiu? É por isso que com todo o respeito, Senhor Primeiro Ministro tenho o direito de dizer que é mentiroso. Tenho o direito ainda de duvidar da real divisão dos poderes, será que os tribunais são assim tão independentes o governo. Aquilo que se passa em países distantes onde existem ditadores, que mandam encerar estações de televisão, não é uma realidade tão distante da nossa. Será que a nossa liberdade de expressão está ameaçada? Será que o Eng. Sócrates é assim tão diferente do polémico Hugo Chávez? Será que aquilo que se faz as claras na Venezuela, se faz as escuras em Portugal? Será?