TEXTO 01 MAQUINAS SOCIAIS
Pedro Peixoto Ferreira
CTeMe – IFCH/Unicamp – FAPESP
2004
de consciência do problema que motiva toda pesquisa científica não é, de forma alguma,
Uma versão anterior deste texto serviu de base para minha apresentação no evento
Arte, Tecnociência e
Política,
realizado pelo grupo de pesquisa CTeMe e pelo coletivo submidia (com promoção do Programa de Doutorado em
Ciências Sociais do
IFCH/Unicamp)
no dia 25 de outubro de
2004.
O evento contou ainda com apresentações de Etienne Delacroix (IIE-Udelar,
MIT), Christian Pierre Kasper (CTeMe, IFCHUnicamp), André Favilla (CTeMe, Facamp) e
Emerson Freire (CTeMe, IG-Unicamp), e foi mediado por Marta Kanashiro (CTeMe, IFCH-Unicamp,
Labjor).
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científica . Poderíamos chamá-la de existencial, afetiva, política, estética, mas nunca de neutra, objetiva ou desinteressada. Como diria Henri
Bergson (1974), por trás de toda análise há
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sempre uma intuição .
Investigaremos
aqui brevemente como aquilo que Gilles Deleuze e Félix
Guattari chamaram de filo maquínico pode contribuir para a Sociologia da Tecnologia.
Tentaremos indicar como este conceito revela dimensões dos fenômenos sociotécnicos que não são acessíveis sem ele e que, longe de se proporem mais "reais",
"verdadeiras", "factuais" ou "científicas" do que outras, se colocam antes como mais complexificadoras dos fenômenos e mais sensíveis às suas próprias tendências imanentes. Em outras palavras, proporemos aqui o uso de certos conceitos pela
Sociologia da Tecnologia com o objetivo de
INTRODUÇÃO
N
ão acredito em neutralidade científica. Com isso quero não apenas introduzir uma das problemáticas da
Sociologia da Tecnologia, mas também dizer que parto aqui de pressupostos que não se pretendem de forma alguma universalmente válidos mas tão somente o mais consistentes possíveis diante dos fenômenos pesquisados.
No entanto, isto não deveria impedir a produção de um conhecimento que se pudesse chamar "científico",