Tetse

É referência usual, quando se versa a história da impressão tipográfica, aquela que atribui a prioridade de sua invenção aos chineses. Isto é verdade. Os chine¬ses utilizaram técnicas de impressão muito antes de elas serem conhecidas pelos europeus. No entanto, a impressão do Extremo Oriente em nada contribuiu pa¬ra o surgimento de igual arte na Europa, onde o pro¬cesso foi reinventado a partir de experiências próprias. Como o objetivo final da primeira parte desse livro é explicar o surgimento do jornal impresso — fenôme¬no europeu do século XVII —, interessar-nos-ão direta¬mente apenas as técnicas européias de impressão, e não as chinesas.
2. INICIO DA IMPRESSÃO NA EUROPA — IMPRESSÃO TABULARIA
Não se conhece nem o local nem a data do início da impressão na Europa. Acredita-se que seus primei¬ros passos foram dados sob a forma de estamparia em panos. Uma tela impressa de Siegburg, próximo a Bonn, atribuída ao século XII, ostenta a glória de ser, possi¬velmente, o mais antigo testemunho europeu dessa téc¬nica. Em 1234, um edito do reino de Aragão proibiu o uso de estofos estampados, confirmando-lhes a existên¬cia na primeira metade do século XIII.
Imagina-se que a primitiva técnica de impressão tenha se desenvolvido pelo uso de matrizes de madeira. O artesão desenhava em uma tábua de madeira dura — pereira ou nogueira — a figura a ser reproduzida. O desenho era feito invertido, para que, depois de im¬presso fosse visto da forma desejada. Em seguida, a madeira era escavada nas partes não cobertas pelas li-nhas do desenho, a fim de que, tal qual um carimbo, permanecessem salientes os traços correspondentes à figura original. Untava-se o relevo, assim obtido, com líquido viscoso e pigmentado, preparado, segundo cons¬ta, de acordo com receita originária do Convento de San¬ta Catarina de Nuremberg, o qual servia como tinta. Afinal, por sobre a tábua era aplicado o pano, cuidadosa¬mente estendido, sobre o qual se exercia pressão com uma bola de crina embrulhada em