Teste
A Máquina de Passar Roupa
Stephen King
O Guarda Hunton chegou à lavanderia quando a ambulância já partia - devagar, sem sereias ou luzes piscando. Mau presságio. Lá dentro, o escritório estava abarrotado de pessoas inquietas e caladas, algumas das quais choravam. A lavanderia propriamente dita estava vazia; as grandes lavadoras automáticas na extremidade oposta nem mesmo tinham sido fechadas. Aquilo fez Hunton ficar muito atento. A multidão devia estar no local do acidente, não no escritório. Era o que costumava acontecer: o animal humano possuía uma compulsividade inata para ver os restos mortais. Então, fora coisa muitíssimo séria. Hunton sentiu um aperto no estômago, como sempre acontecia quando o acidente era muito grave. Quatorze anos de remover restos humanos de rodovias, ruas, sarjetas em frente a arranha-céus altíssimos não haviam conseguido eliminar aquela leve contração na barriga, como se alguma coisa maléfica se tivesse coagulado ali. Um homem de camisa branca avistou Hunton e se encaminhou para ele com relutância. Era um touro de um homem, com a cabeça atirada para frente entre os ombros, nariz e bochechas riscadas por vasos sangüíneos dilatados pela pressão alta por demasiada intimidade com a garrafa. Tentou articular palavras, mas, após a segunda tentativa, Hunton interrompeu-o vigorosamente: - É o proprietário? É o Sr. Gartley? - Não... não. Sou Stanner. O capataz. Oh, Deus, este... Hunton tirou do bolso a caderneta de anotações. - Por favor, mostre-me a cena do acidente, Sr. Stanner. E conte-me o que aconteceu. Stanner pareceu empalidecer ainda mais; as manchas no nariz e bochechas destacavam-
A Máquina de Passar Roupa - Stephen King se como marcas de nascença. - E... é preciso? Hunton ergueu as sobrancelhas. - Temo que sim. O chamado que recebi disse que era grave. - Grave... Stanner deu a impressão de lutar contra a própria garganta; por um instante, seu pomode-adão subiu e desceu como um macaco